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A importância da moda


Valerie Steele para a Vogue Italia


A conferência inaugural de Valerie Steele no II Coloquio de Investigadores en Textil y Moda que aconteceu em Barcelona, fez jus ao título social - algo como Quebrando os padrões. Valerie Steele, que provavelmente é o hoje o nome mais conhecido e mais importante na teoria da moda, começou afirmando que sim, a moda é importante.


Como ocorre com quase todas as conferências inaugurais, uma grande questão é colocada no início. Steele, diante da sua posição de diretora do museu do Fashion Institute of Technology - FIT (Nova Iorque), iniciou então dizendo que sim, a moda é importante e que basta de dizer que é um assunto fútil. Sua fala não precisou ser justificada pela importância econômica e social da moda, pois partiu, principalmente, de uma de suas atuações profissionais como curadora de exibições. Para Valerie Steele, as exposições sobre moda das últimas décadas, têm se ocupado de demonstrar as inúmeras conexões que a moda faz com o mundo. Afirma ela, entretanto, que o êxito dessas exibições, além de livros e filmes sobre a moda é tão grande que somente esse fato já comprova o quão representativa a moda é para a nossa sociedade.


Valerie Steele percorreu então uma série de exibições sobre moda que aconteceram ao longo dos últimos vinte anos principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Os temas são tão diversificados e amplos que, em sua apresentação, vemos como o tema da moda, inclusive, é sempre protagonista e está à frente de outras questões tidas como mais sérias.


Começando pelas exposições biográficas, incluindo aí filmes, Steele comenta o interesse que as pessoas tem por saber quem é, por exemplo, Balenciaga, Yves Saint Laurent ou Christian Dior, que foram homenageados em exibições recentes. Ela salientou que há um interesse grande na vida privada desses criadores, mas que é uma ocasião de apresentar como se constróem marcas ou estilos na moda.


Preparação da exibição de Balenciaga para o V&A (Evening Standard)


Grupos considerados mais periféricos ou estereotipados na cultura de moda, também têm recebido destaque em exibições. Valerie Steele citou o exemplo de exibições sobre moda ou criadores africanos, ou sobre a moda japonesa, além dos clássicos da década de 1980. As chamadas sub-culturas, como góticos ou punks, ou estilos promovidos pela cultura musical, também entrariam nesse grupo.


Questões mais contemporâneas e de certa forma de discussão complexa, também tem sido atravessadas pela cultura de moda e presente em grandes exposições. É o caso, por exemplo, de mostras que falam da vulgaridade, da sustentabilidade, da estética queer e muitas outras. Nessas exposições, a moda vem sendo mostrada como a materialização de ideias pessoais ou de grupos e tem contribuído para que, cada vez mais, a população se envolva nas mesmas preocupações.


São inúmeros os exemplos trazidos por Valerie Steele para demonstrar que a importancia da moda vai muito além do estilo propriamente dito, que só pode ser analisado dentro do eixo temporal e geográfico e, portanto, efêmera. Uma nova cultura de moda mostra um grande potencial para o campo, tanto para quem quer se dedicar aos estudos quanto à criação de moda.


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