Anna Wintour é uma das personalidades mais célebres que despontou no mundo da moda na década de 1990. Sempre foi famosa e reconhecida por quem é da área, mas foi a partir do lançamento do filme O Diabo Veste Prada, em 2006, que ela se tornou um ícone popular, associada aos caprichos do mundo da moda. Ressalte-se que não há consenso que Miranda Priestly, interpretada por Meryl Streep, seja um personagem que represente Anna Wintour, embora as especulações digam que sim.
Independente de sua versão fictícia, na qual no papel de diretora de uma famosa revista de moda em Nova Iorque, a profissional seria também arrogante e elitista, o que a verdadeira Anna Wintour fez para o mundo da moda é louvável. Depois de passar por algumas revistas de moda, em 1988 foi contratada pela Condé Nast para dirigir a Vogue dos EUA. Foi a partir de então que Anna Wintour mostrou o seu talento como curadora de moda em publicações.
Editora, crítica ou curadora? Palavras que descrevem, mais ou menos, uma atividade profissional que detém algum (ou total) poder de decisão sobre o que e como vai ser publicado. Optamos por curadoria, palavra mais contemporânea para designar o profissional que vai selecionar e extrair o melhor dentro de seu campo de atuação, incentivando, no público, o desenvolvimento de um novo olhar sobre aquele assunto. No caso da revista Vogue, pode-se dizer que Anna Wintour renovou a comunicação estabelecida entre a revista e um amplo público (pois a Vogue USA inspira outras revistas), estabelecendo práticas que contribuem para desenvolver a cultura de moda nos leitores.
Naturalidade: A primeira transformação proposta por Wintour, foi levar para a revista um espírito de naturalidade, de rua, de casualidade que estreitava os laços com os leitores. A revista passou a parecer mais próxima das pessoas e aquilo que se vê lá, é possível de alcançar.
Antecipação: Segundo ponto interessante e muito pouco seguido, é que por meio da nova editora, a Vogue passou a apoiar os talentos emergentes. É interessante notar como normalmente a mídia e as pessoas só se interessam pelos nomes já consagrados e, portanto, ter a visão sobre o potencial de um criador ou de uma marca, é tarefa para poucos. Essa abertura, que depois até se institucionalizou na forma de múltiplas ações caça-talentos no mundo da moda, foi uma inovação de Anna Wintour.
Domínio visual: Uma terceira competência inegável que deve ser reconhecida, é sua habilidade compositiva. Das peças selecionadas, passando pelas modelos ideais, cenários incríveis e todo o styling que faz a composição visual ficar perfeita, Anna Wintour tocava em tudo. Sabe diferenciar e conhece todos os tons de azul - como na famosa cena de O Diabo Veste Prada - e, por isso, é longeva na moda. Ela cria novos padrões de beleza.
Mas por que dizemos que Wintour é uma curadora de moda? Mais do que produzir informação sobre tendências, ela está em diálogo com o público e produz conhecimento e cultura de moda. Organiza as informações e as torna tangíveis e, ainda, vê com antecedência aquilo que ainda está submerso.
Anna Wintour, atualmente com 70 anos, tem um salário estimado em mais de 2 milhões de dólares anuais. É realmente o melhor exemplo para esquecer que a moda paga mal e relembrar a necessidade de conhecer profundamente toda a cadeia é fundamental para uma carreira de sucesso.
Quer saber mais sobre a cultura de moda de um jeito novo? Assine a Plataforma Fashion For Future e tenha acesso a um conteúdo exclusivo, de qualidade e inovador.
Comments