Por Natália Moreira + Fashion For Future
Modelos de negócios como o fast-fashion incentivam o alto consumo de produtos de moda descartável usando duas estratégias: baixos preços e velocidade da informação de moda, isto é, constante renovação nas araras.
Mas não só isso que caracteriza esse modelo de negócios. Estratégias de marketing muito eficientes, que exploram apelos emocionais (eu mereço, eu ficarei incrível etc.) e marcação temporal (datas comemorativas, por exemplo), têm a exclusiva missão de incentivar nossos impulsos e fazer com que compremos cada vez mais. Entre essas estratégias, uma das mais famosas e que merece destaque hoje, sem dúvida, é a Black Friday.
Criada nos EUA, atualmente a Black Friday está presente no mundo inteiro e, ao invés de se limitar a uma sexta-feira, o grande dia das oportunidades cresceu e se transformou em uma semana inteira de supostas liquidações, sendo batizada então de Black Week. Cabe uma ressalva: nos EUA a Black Friday originalmente acontecia no dia seguinte ao dia de Ação de Graças, o que significava a realização de promoções após um período de compras, ou seja, como as liquidações depois do Natal ou do Ano Novo. No nosso contexto essa oferta é bastante sem sentido, pois, inclusive, antecede um novo período de compras.
Assim, a nova dinâmica do evento, ao tornar-se uma estratégia global, afetou o funcionamento dos negócios locais e em outros territórios que não celebram o dia de Ação de Graças. Além de incentivar o consumo desnecessário e impulsivo, somente empresas grandes conseguem oferecer reduções em seus preços em função das grandes margens de lucro com as quais operam. Pequenos negócios acabam prejudicados pois não conseguem acompanhar as ofertas e perdem duplamente. Por isso, neste momento, no qual estamos bombardeados de informações apelativas e propagandas com "promoções imperdíveis", devemos ser mais conscientes do que nunca, e consumir de forma sustentável. Isso vale também para roupas que achamos que poderemos usar anos e anos ou roupas que "vou precisar".
Para pensar sobre isso, a especialista no assunto Natália Moreira preparou um e-book exclusivo que fala sobre consumo consciente. Para aprender a consumir, você verá, é necessário refletir e entender como as roupas são feitas, analisando o impacto e o custo social de tudo isso. Tudo começa então, entendendo o modelo de produção que estamos valorizando quando durante nossas compras.
O que eu preciso entender para consumir melhor segundo Natália
Existem dois modos de produzir roupas, o linear e o sistêmico. Enquanto o primeiro modo de produção é o mais comum na indústria têxtil e de moda, o segundo vem cada vez mais recebendo atenção. Isso porque, a necessidade de um ‘desenvolvimento que satisfaça às necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações de suprir suas necessidades’ (World Comission on Environment and Development, 1987), tem forçado o mercado a ser mais sustentável e adotar um modelo de produção de cunho sistêmico/circular. Na prática, isso quer dizer que o que sai de uma produção será insumo para outra, de tal modo a que nos aproximemos a uma produção sem resíduos. O esquema a seguir, criado por Luigi Bistagnino que é o diretor do curso de Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis do Politécnico di Torino, exemplifica essa ideia.
Uma das grandes particularidades da indústria de moda Brasileira é a extensão de sua cadeia de produção, que engloba desde a produção de matéria-prima à costura e venda de produtos. Sendo assim, incidentes como aquele da fábrica em Bangladesh parece muito distante do consumidor brasileiro, no entanto, isso não é necessariamente verdade. É por isso que montamos o curso “Moda pela mudança: sustentabilidade na cadeia têxtil e do vestuário” e montamos este e-book pra te ajudar a identificar meios para consumir responsavelmente.
Como eu posso consumir moda conscientemente?
Primeiramente, muitos defendem que o consumo excessivo não poderá nunca ser sustentável. Sendo assim, a primeira coisa a fazer e se perguntar: Eu preciso disso?
Muitas vezes as compras são estimuladas por promoções, nesses casos o mais fácil é dar um passo para trás e pensar se você compraria o produto a preço normal. Grande parte da pegada ecológica negativa da indústria de moda se dá pelo excesso de produtos produzidos e descartados, muitas vezes sem serem usados. Uma prática comum é se organizar e comprar apenas produtos que já estavam ‘na lista’ para serem comprados.
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Além disso, se você for profissional ou estudante de moda pode se interessar em participar de nosso curso Moda pela mudança, que conta com as principais especialistas brasileiras sobre o assunto. Vamos? Acesse o programa do curso clicando aqui.
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